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segunda-feira, 30 de abril de 2012

Drogas novas, criadas em laboratórios, entram livremente no Brasil


A polícia reforça a segurança nas fronteiras para impedir a entrada de maconha e cocaína. Favelas são invadidas. Deputados votam leis severas contra o tráfico. E os prefeitos tentam coibir o uso de crack nas ruas. Enquanto isso, uma nova geração de drogas entra no Brasil e é consumida livremente. São as chamadas legal highs, conhecidas aqui como drogas disfarçadas. Substâncias criadas em laboratório que imitam o efeito das drogas já conhecidas. Mas como possuem uma fórmula recém criada, ainda não estão na lista de entorpecentes. E por isso não são combatidas. Um site inglês oferece dezenas de tipos dessas novas drogas sintéticas. É um site de vendas com
 o outro qualquer. Você escolhe a mercadoria, como uma que diz provocar os mesmos efeitos do ecstasy. Depois preenche seus dados e eles prometem fazer a entrega em até 20 dias úteis por correio em qualquer parte do mundo. O órgão nacional responsável por dizer quais substâncias devem ser classificadas como ilegais no país, a Anvisa, admite que a fiscalização está cada vez mais difícil. “Essas drogas têm surgido cada vez com mais velocidade e fica em um jogo de gato e rato. Se desenha uma nova substância e a gente tem que classificá-la como proibida”, diz Elmo Santana, coordenador de produtos controlados da Anvisa. De acordo com um relatório publicado este mês pela União Europeia, a cada semana uma nova droga sintética é criada no mundo. Mas no Brasil, nos últimos cinco anos, apenas sete substâncias foram identificadas e entraram para a lista das proibidas. Está claro então que existe um monte de substancias perigosas circulando por aí que ainda não são chamadas de drogas. Mas o que acontece se alguém é pego com uma delas? “Enquanto uma substância não é classificada ou como controlada, ou como proibida, não há nenhum crime nem envolvendo a utilização ou a venda daquela substância”, diz Santana. Não é só por aqui que a guerra parece perdida. Nos Estados Unidos e em alguns países europeus, proliferam pelas rua
 s lojas que vendem livremente estas substâncias. “É um risco muito grande porque muitas dessas substâncias tem toxicidade alta e um efeito colateral muito grande. Isso só vai se descobrir depois de algum tempo de uso”, diz Paulo Telles, pesquisador do núcleo de estudos e pesquisas de drogas da UERJ Estreia esta semana no cinema "Paraísos artificiais", que mostra como as drogas sintéticas fazem cada vez mais parte da vida dos jovens. O diretor Marcos Prado estudou durante três anos o tema. E chegou a uma conclusão importante. “Falta muita política de prevenção de danos aqui neste país. A gente se preocupa com o crack, que é muito importante, que é muito perigoso. Mas falta política de informação para o jovem. No mundo lá fora, existe, é fomentado, mas aqui no Brasil ainda está engatinhando, porque os jovens continuam consumindo drogas sintéticas que chegam. Outro dia eu descobri uma que chamava 2CB”. Marcos Prado ficou sabendo da existência desta tal droga há um ano. Foi somente esta semana que a polícia de Florianópolis conseguiu apreender e registrar a existência no Brasil da 2CB. “Ele é muito semelhante ao ecstasy, ele possui os mesmos efeitos euforizantes. Porém ele pode ser considerado mais perigoso uma vez que ele é 10 vezes mais alucinógeno que o ecstasy. No Brasil ainda não é proibido e agora nos vamos entrar em contato com a Anvisa”, afirma Bruna Boff, perita da Polícia Civil de Santa Catarina. Este processo de classificação de uma substância como perigosa dura pelo menos dois meses. Mas quando a 2CB for finalmente proibida, outras drogas novíssimas já vão estar nas ruas e nas pistas de dança.

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